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Divergências e Contradições: A Polêmica do Patrocínio da Vai de Bet no Corinthians
Por Redação FuTimão em 09/01/2025 13:21
A Versão do CEO da Vai de Bet
Em um depoimento prestado à Polícia Civil de São Paulo, José André da Rocha Neto, principal executivo da Vai de Bet, apresentou uma narrativa que se opõe à versão divulgada pelo Corinthians sobre a concretização do patrocínio de R$ 360 milhões. Rocha Neto afirmou categoricamente não ter tido qualquer contato com Alex Cassundé, o indivíduo apontado como intermediário do acordo e que está sob investigação.
De acordo com o depoimento, ao ser confrontado com uma fotografia, Rocha Neto declarou não conhecer Alex Cassundé. Ele explicou que a iniciativa de patrocinar o clube paulista partiu dele próprio, sem qualquer tipo de intermediação ou oferta externa. Essa declaração lança uma nova luz sobre os eventos que levaram ao acordo de patrocínio.
O CEO da Vai de Bet detalhou que, em 25 de dezembro de 2023, buscou o contato de um conhecido chamado Toninho, residente em Goiânia-GO, visando se aproximar do Corinthians . Segundo Rocha Neto, Toninho, que atua como produtor musical, detinha influência no cenário futebolístico. Foi Toninho quem organizou um encontro entre Rocha Neto, Augusto Melo, presidente do clube, Marcelo Mariano, diretor administrativo, e outras duas pessoas, em um hotel de luxo em São Paulo. A data exata da reunião não foi especificada, mas ocorreu um ou dois dias após o contato inicial com Toninho. Rocha Neto afirmou que conheceu Toninho pessoalmente naquela ocasião.
O Acordo e a Ausência de Intermediários
Durante a reunião, a própria diretoria do Corinthians teria apresentado a proposta de um patrocínio de três anos no valor de R$ 360 milhões. Rocha Neto relata que solicitou algumas horas para analisar a proposta, mas decidiu fechar o negócio verbalmente no mesmo dia. No entanto, ele enfatizou que a intermediação do patrocínio ficou sob a responsabilidade do Corinthians , sem qualquer participação direta sua nos pormenores. O valor total do contrato já estava estabelecido, segundo ele.
Nas minutas iniciais do contrato, havia um espaço destinado aos dados de um eventual intermediário, mas este campo não estava preenchido. Rocha Neto alega que não acompanhou a totalidade do processo, pois a intermediação não o afetava diretamente. O contrato foi formalizado em um momento posterior, com o envolvimento dos departamentos jurídicos da Vai de Bet e do clube.
Um detalhe importante é que Daniel Sitônio, advogado da Vai de Bet, questionou a necessidade de um intermediário na negociação, ainda durante a fase de minuta. A troca de e-mails obtida pelo UOL revelou que Cassundé foi incluído no documento apenas na quarta versão, o que é encarado pelos investigadores como "mais um indício" da inexistência do serviço prestado pelo suposto intermediário.
A Versão de Alex Cassundé e a Resposta do Corinthians
Em seu depoimento, Alex Cassundé alegou ter descoberto a Vai de Bet por meio do ChatGPT, um sistema de inteligência artificial, utilizando a pergunta: "Dicas de como encontrar empresas de bet (aposta)". Após isso, ele teria contatado um representante da casa de apostas chamado André, que o direcionou para a diretoria do Corinthians . Cassundé afirma ter então acionado Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do clube, que o aconselhou a buscar Marcelo Mariano antes das negociações. Segundo Cassundé, ele teria encaminhado o contato da Vai de Bet para Mariano, e a diretoria do Corinthians teria conduzido a negociação sem a sua participação direta.
Em janeiro, Cassundé foi convidado a figurar como "intermediador" do contrato, recebendo 7% do valor total, cerca de R$ 25 milhões, através da empresa Rede Social Media Design Ltda. A versão do Corinthians , divulgada em maio do ano passado, diverge tanto da de Rocha Neto quanto da de Cassundé. O clube afirmou que "a atuação da empresa intermediária está documentada e evidenciada no contrato celebrado entre as partes, com remuneração que obedece exatamente as mesmas práticas executadas por outros clubes de futebol do Brasil".
Rompimento do Contrato e a Investigação
Um mês após essa declaração, a Vai de Bet rescindiu o contrato com o Corinthians , utilizando a cláusula anticorrupção como justificativa. A decisão foi motivada por uma investigação sobre um repasse de pouco mais de R$ 1 milhão feito pelo intermediário a uma empresa fantasma (Neoway Soluções Integradas), registrada em nome de uma "laranja".
O Corinthians , procurado pela reportagem, mantém sua posição de que Alex Cassundé foi o intermediário do negócio, embora não tenha comentado o depoimento de Rocha Neto, alegando não ter ainda acesso aos autos. O clube insiste que "a atuação da empresa intermediária está documentada e evidenciada no contrato celebrado entre as partes". O Corinthians também expressou seu descontentamento com o que considera "suspeições que não refletem a verdade dos fatos".
O clube ainda ressaltou "que desde sempre, assim como é de prática habitual do mercado, houve a atuação de uma empresa interveniente, cuja responsabilidade foi de captação e intermediação da negociação entre a marca e o clube e sem a qual não teria sido possível celebrar o maior acordo de patrocínio da história do futebol brasileiro". O Corinthians lamenta "que se tente fomentar suspeições que não refletem a verdade dos fatos e que são alimentadas por quem já participou da gestão do clube". O clube finaliza pedindo respeito e afirmando que a Vai de Bet estava cumprindo o contrato.
Quanto às propriedades de mídia na Neo Química Arena, o Corinthians esclarece que a marca, na condição de patrocinadora master, possui cota de exposição pré-acordada, como qualquer outro parceiro do clube.
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