Impeachment de Augusto Melo: Jogadores do Corinthians se Manifestam

Posicionamento dos Atletas Corinthianos

A iminente votação do impeachment de Augusto Melo, presidente do Sport Club Corinthians Paulista, gerou uma onda de apoio público de parte significativa do elenco corintiano. Em coletiva de imprensa, o goleiro Hugo Souza expressou a solidariedade dos jogadores ao mandatário. Segundo o arqueiro, a decisão de defender publicamente Augusto Melo se baseia no cumprimento de promessas por parte da diretoria, principalmente em relação à pontualidade nos pagamentos de salários e direitos de imagem.

Em suas palavras, Hugo Souza declarou: "Acho que nosso posicionamento foi feito e bem feito. Eu e todo elenco tomamos a decisão de fazer esse posicionamento porque desde quando cheguei, tudo que essa diretoria e o Fabinho falaram para mim, eles cumpriram. E antes de chegar aqui, o clube tinha meses e meses de imagem atrasada, entre outras coisas. Jogadores que não recebiam seus salários. E o presidente e o Fabinho colocaram isso como o objetivo principal, até porque trabalhamos todos os dias e somos dignos de receber. E eles honram a palavra deles. Nos apegamos a isso e entendemos que temos que ficar do lado de quem está do nosso lado. Eu não estou preocupado com isso, nosso foco é terminar bem o ano, fazer grandes três jogos e buscar vaga na Copa Libertadores, o que ninguém acreditava. Independentemente de qualquer coisa, nosso posicionamento seguirá o mesmo".

Outros atletas, como Gustavo Henrique e Rodrigo Garro, também manifestaram apoio a Augusto Melo após a vitória sobre o Vasco, ressaltando, contudo, a intenção de permanecerem alheios às disputas políticas internas do clube. Emiliano Díaz, por sua vez, atribuiu o apoio público da comissão técnica ao presidente como uma demonstração de gratidão pelo suporte recebido ao longo da temporada.

Pressão das Torcidas Organizadas e a Próxima Etapa

A pressão sobre o Conselho Deliberativo não se limita ao elenco . Torcidas organizadas também se posicionaram contra o impeachment de Augusto Melo, alegando que o processo não deveria ocorrer em meio à temporada. Na última terça-feira, representantes de torcidas se reuniram com Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, na tentativa de adiar a votação ? tentativa que, segundo informações, não deverá ser bem sucedida.

A votação do impeachment está agendada para esta quinta-feira, no Parque São Jorge. A reunião do Conselho Deliberativo, presidida por Romeu Tuma Júnior, terá dois horários de chamada: 18h e 19h (horário de Brasília). A votação será secreta e, caso a maioria simples vote pelo impeachment, Augusto Melo será imediatamente afastado do cargo, com Osmar Stabile assumindo interinamente a presidência.

Se aprovado no Conselho, o processo seguirá para a Assembleia Geral, instância final da decisão, com a participação dos sócios do clube. Segundo informações da Gazeta Esportiva, a Assembleia Geral está prevista para ocorrer somente em 2025, sem data definida. Enquanto isso, Augusto Melo permaneceria afastado do cargo. A aprovação ou rejeição do impeachment na Assembleia Geral definirá a permanência ou a destituição definitiva do presidente.

Detalhes da Reunião do Conselho Deliberativo e o Processo de Impeachment

A pauta da reunião do Conselho Deliberativo, detalhada em documento enviado aos conselheiros, inclui: a) Palavra do Presidente do CD para expor os motivos da convocação em razão do recebimento da denúncia pela Comissão de Ética e Disciplina; b) Deliberação sobre o motivo da Convocação da Reunião; c) Prazo regimental para manifestação do representante dos Conselheiros Requerentes do Pedido de Destituição do Presidente da Diretoria e/ou Representante da Comissão de Justiça do CD; Palavra do Presidente da Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo pelo tempo regimental para leitura e sustentação do parecer da Comissão; e) Prazo regimental para defesa oral/sustentação oral do Presidente da Diretoria ou de seu representante legal; f) Votação em escrutínio secreto pela Destituição ou não do presidente da diretoria; g) Proclamação do resultado e providências estatutárias, em sendo o caso.

O processo de impeachment foi desencadeado por um relatório da Comissão de Justiça do Conselho Deliberativo, entregue em 12 de agosto, que investigou aspectos da gestão de Augusto Melo, incluindo as negociações com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões). Investigações internas envolveram, além do presidente, outras figuras da gestão.

Um requerimento para a destituição de Melo, assinado por mais de 50 conselheiros (número mínimo exigido), foi protocolado no dia 26 de agosto, com base no Artigo 106, "b" e "d", do Estatuto do clube, e na Lei 14.597/23 (Lei Geral do Esporte). O requerimento, de 19 páginas, detalha eventos que levaram a solicitação, incluindo alegações de irregularidades e prejuízos para o clube.

Alegações do Requerimento de Impeachment

O requerimento de impeachment, elaborado pelo "Movimento Reconstrução SCCP", aponta diversas questões como justificativa para a destituição de Augusto Melo. Entre as alegações, destacam-se: "Laranja" na intermediação da VaideBet; Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação; Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral; Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores; Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo à imagem da instituição. O documento acusa o Corinthians de ser "vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes" e busca o "ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora".