Impeachment no Corinthians: Foco em Prejuízo Administrativo, Não em Crime Penal

Em uma análise exclusiva concedida ao programa De Primeira, Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, esclareceu os contornos do processo de destituição do atual presidente, Augusto Melo. Segundo Tuma Jr., o processo em curso é estritamente de natureza administrativa, com foco em possíveis danos ao clube, e não se confunde com a investigação criminal do caso envolvendo a casa de apostas Vai de Bet.

O Processo Administrativo e Seus Limites

Tuma Jr. enfatizou que o processo interno do Corinthians não tem como objetivo apurar a ocorrência de crimes. A investigação administrativa busca determinar se o clube sofreu prejuízos em decorrência de atos de seus gestores. "O processo administrativo interno do Corinthians não investiga crime, ele investiga a questão se o Corinthians foi prejudicado", afirmou o presidente do Conselho.

A consequência direta de um parecer favorável aos danos ao clube é a destituição do responsável. Por outro lado, a inexistência de prejuízo administrativo descarta a necessidade de afastamento. "Se a resposta for sim, a pessoa tem que ser destituída. Se for não, não é destituída. Se houve crime ou não, é um problema da polícia e da Justiça", explicou Tuma Jr., demarcando a separação entre as esferas administrativa e penal.

Independência da Investigação Criminal

O presidente do Conselho Deliberativo também fez questão de ressaltar a independência do processo de impeachment em relação à investigação da Polícia Civil. "O rito do impeachment de Augusto Melo segue o estatuto do Corinthians e corre independentemente da investigação aberta pela Polícia Civil", pontuou. Tuma Jr. argumentou que a morosidade inerente aos processos judiciais não pode paralisar as ações internas do clube.

A Celeridade do Processo Interno

O argumento central de Tuma Jr. é a necessidade de celeridade nas ações internas da instituição. "O tempo da Justiça penal é diferente, nós não temos e nem devemos esperar a ação da polícia para fazer alguma coisa reativa. Toda ação judicial pode demorar 20 anos. Você imagina alguém cometer crime e você ter que esperar em última instância para punir, todos os presidentes poderiam cometer crime", ponderou, evidenciando a urgência em apurar as responsabilidades administrativas de forma imediata.

Infração Administrativa vs. Crime Penal

Tuma Jr. esclareceu que a inelegibilidade para cargos no clube está associada à condenação criminal transitada em julgado. "Quem comete crime em ação transitada e julgada, não pode ser candidato a presidente e nem a conselheiro", explicou. Contudo, o processo de impeachment em curso se refere a um outro cenário, o da apuração de infração administrativa. "Outra coisa é apurar infração interna administrativa prevista no estatuto. É disso que se trata", concluiu.