Presidente do Corinthians Escapa do Impeachment em Noite Tumultuada

A Derrocada Iminente e a Busca Desesperada por Salvação

A última segunda-feira (2) foi palco de um drama intenso nos bastidores do Sport Club Corinthians Paulista. Augusto Melo, o mandatário do clube, enfrentou a ameaça iminente de um processo de impeachment, um cenário que o deixou em estado de apreensão evidente. A reunião do Conselho Deliberativo (CD), programada para decidir seu futuro à frente do clube, estava prestes a se iniciar no ginásio do Parque São Jorge, sede social do time.

Informações de pessoas presentes relatam o desespero vivido pelo presidente. Segundo testemunhas, em um momento de extrema angústia, Melo teria afirmado que, em caso de destituição, o time não entraria em campo. Uma declaração impactante, considerando que o Corinthians enfrentaria o Bahia na terça-feira, às 20h (horário de Brasília), em partida crucial para a classificação à Libertadores de 2025.

A tensão era palpável. Melo havia tentado, durante todo o dia, obter uma liminar que impedisse a reunião. Seu primeiro pedido, protocolado na 4ª Vara do Tatuapé, foi negado. Entretanto, a persistência surtiu efeito. Um novo pedido, direcionado à 8ª Câmara de Direito Privado, foi aceito às 18h48 ? apenas doze minutos antes do início da sessão.

Foto: (Rodrigo Coca/Agência)

A Virada Inesperada e a Explosão de Alegria

A decisão judicial, que suspendeu a reunião do Conselho Deliberativo, foi recebida com euforia pela torcida corintiana. Desde as 15h, grupos de torcedores organizados se concentraram nos arredores do Parque São Jorge para protestar contra o impeachment de Melo, entoando por horas o grito de guerra "não vai ter golpe".

Ao saber da suspensão da votação, a alegria explodiu. Fogos de artifício iluminaram o céu, enquanto a multidão vibrava. Melo, acompanhado de seus apoiadores, dirigiu-se à área destinada à torcida, num gesto claramente populista, causando um verdadeiro tumulto para alcançar os fãs que o aguardavam atrás das grades. A recepção foi calorosa, com o presidente sendo ovacionado pela multidão.

A celebração se estendeu por horas, com a torcida tomando as ruas e, após a retirada do bloqueio policial, até mesmo queimando bonecos de seus opositores. A Marginal Tietê sofreu consequências diretas, com quilômetros de congestionamento devido aos desvios de trânsito organizados pela Polícia Militar.

O Apoio do Elenco e as Consequências da Ação

É importante destacar que, antes mesmo da polêmica reunião, Augusto Melo já havia recebido o apoio significativo de vários jogadores do elenco. Esse apoio, conquistado após um episódio de reconciliação com o elenco após a vitória sobre o Criciúma, no último sábado (30), pode ter influenciado o desenrolar dos eventos. A demonstração de apoio público por parte dos jogadores reforça a complexidade da situação e as múltiplas facetas do conflito interno no clube.

A noite tensa culminou em uma vitória para Melo, mas as consequências a longo prazo dessa vitória, obtida através de uma decisão judicial de última hora e uma demonstração de força da torcida, ainda são incertas. As tensões internas no Corinthians permanecem e a fragilidade da liderança do presidente fica evidente.

Análise e Reflexões sobre o Episódio

A situação vivida por Augusto Melo no Corinthians expõe a fragilidade da gestão em clubes de futebol e a força política da torcida organizada. A pressão da torcida, combinada com a estratégia judicial, foram decisivas para o desfecho. A questão que fica é: qual o preço da estabilidade alcançada dessa maneira? A polarização exacerbada e a dependência de apoio popular e decisões judiciais para se manter no poder geram uma instabilidade que, a longo prazo, pode ser ainda mais prejudicial ao clube.