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Júnior Moraes: Alergia, Guerra e a Dor Silenciosa no Corinthians

Por Redação FuTimão em 05/11/2024 20:48

O drama silencioso de Júnior Moraes no Corinthians

Júnior Moraes, ex-atacante do Corinthians, recentemente concedeu uma entrevista reveladora sobre a sua passagem pelo clube. O jogador, que chegou em 2022 e deixou o Timão no início de 2023, desabafou sobre os bastidores da sua experiência no Parque São Jorge e explicou os motivos que o impediram de ter o desempenho esperado.

Conhecido por sua trajetória de sucesso na Europa, especialmente na Ucrânia, onde se naturalizou para defender a seleção do país, Júnior Moraes retornou ao Brasil em meio à guerra com a Rússia. O impacto da guerra, com seus traumas e sequelas, o acompanhou de perto, afetando diretamente sua vida pessoal e profissional.

Apesar do desejo de triunfar com o manto alvinegro, o atacante enfrentou um desafio que o atingiu diretamente nas quatro linhas: uma alergia que o impedia de atuar, gerada por questões emocionais.

A alergia, os pesadelos e a luta silenciosa

Júnior Moraes relembrou a dificuldade que enfrentou ao chegar ao Corinthians , logo após a guerra na Ucrânia. "Eu passei por muitas dificuldades na carreira e sempre gostei de ter a dificuldade e a superação. Tentar transformar uma situação negativa em positiva. Cheguei no Corinthians e pensei a mesma coisa 'acabei de sair da guerra, agora vou voar aqui, marcar história nesse clube, ser campeão, fazer gol'. O time era bom para caramba. Eu nunca tinha vivido uma guerra e muito menos um pós-guerra, aí comecei a ter pesadelo, eu não conseguia mais dormir. Eu acordava transpirando, chorando para caramba, eu falei 'vai passar'", começou por dizer.

A alergia, inicialmente atribuída à alimentação, se tornou um problema recorrente, afetando seu desempenho em campo. "Quando foi a primeira alergia, 'pode ser da alimentação'...era uma descoberta nova para o clube, porque tinha uma pressão de render em cima do clube, mas o pessoal nunca me pressionou. Ao mesmo tempo tinha uma cobrança comigo mesmo. Só que aí foi uma vez a alergia, duas, três, quatro, eu tive sete em menos de dois meses. Era um ciclo. Aí começou uma investigação, tinha treino que acabava, tomava banho e ia para casa, no meio do caminho começava a me dar calafrio, febre, eu passei o ano de 2022 de antibiótico e corticoide. Recuperei, treinava, ia para o jogo, só que não tinha condição nenhuma de jogar, às vezes tinha até vergonha do que eu fazia no treino. Só que eu tive uma falha, eu sempre fui muito fechado, e eu sofri muito calado", relatou.

A dor de um sonho frustrado: a final da Copa do Brasil

O ápice do sofrimento de Júnior Moraes ocorreu na final da Copa do Brasil de 2022, contra o Flamengo. "A pior parte foi o jogo contra o Flamengo, na final da Copa do Brasil. O jogo estava todo desenhado para o Corinthians ganhar. Eu treinei durante a semana, estava bem, fui convocado para o jogo, treinei um dia antes na Arena, com a torcida. Eu fui para a final, vou para o jogo, o Vítor Pereira fala 'vou precisar de tu'. Aí eu vou para a viagem, animado, 'já pensou fazer um gol no Maracanã?', e estava tudo desenhado para fazer isso. No avião me deu reação (alérgica), começou a me dar febre, o meu joelho começou a inchar. Tive vergonha de sair do avião, comecei a chorar. Imagina você descer mancando do avião? Eu não saí do meu lugar, esperei todo mundo sair, entrei no ônibus, quando cheguei no hotel, a torcida estava na porta. Como eu vou descer do ônibus mancando? Imagina alguém gravar um vídeo meu? Eu esperei todo mundo sair, aí entrei tentando disfarçar e não fui direto para a janta, fui para o quarto. Foi forte de uma forma que, mesmo tomando remédio, não consegui jogar. Uma febre absurda. Nunca mais tive. Eu saí do Corinthians , eu fiz uma intertemporada, nada (reação alérgica). Ali foi o momento que eu falei 'eu não sou super-herói'", desabafou o jogador.

Júnior Moraes , apesar do sofrimento, não guarda mágoa do Corinthians . "Não tenho o que falar do Corinthians , o departamento médico, os jogadores, o pessoal que trabalhava, eu não tenho o que falar mal de ninguém, não. O meu relacionamento com aquela turma é até hoje, não tem o que falar. Machucava (que me chamavam de) 'chinelinho', 'ruim'...só que será que ninguém viu a minha história? Foi o único clube que eu fui que eu não consegui performar. Por outro lado, do lado pessoal, eu aprendi muito, eu fui buscar mais conhecimento, fiz curso sobre desenvolvimento pessoal, inteligência pessoal, que me ajudaram muito. Eu não estava conseguindo cuida da minha família, filhos, esposa, porque eu precisava cuidar de mim. Eu, olhando para traz, lembro de um monte de momento com tempo nublado, chuvoso, e não lembro de quase nada."

A história de Júnior Moraes no Corinthians serve como um alerta sobre a importância de lidar com as questões emocionais dos atletas, especialmente em momentos de grande pressão e instabilidade. A alergia, nesse caso, foi um reflexo de um sofrimento silencioso, que o impedia de ter o desempenho esperado em campo. A superação, nesse caso, não se resume apenas à performance dentro das quatro linhas, mas também à busca por bem-estar mental e emocional.

A entrevista de Júnior Moraes , além de revelar os bastidores da sua passagem pelo Corinthians , abre um debate importante sobre saúde mental no esporte, um tema que ainda precisa ser abordado com mais atenção e cuidado.

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Paulo

Paulo

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Comentado em 05/11/2024 22:43 Vai Corinthians! Kkkkkk! Que história inspiradora! A vida de jogador não é fácil, mas isso mostra que a gente tem que sempre buscar se entender e se cuidar. E vamo em frente, que o Timão ta jogando bem, quem sabe a gente não arruma um título logo, hein? Suave!
Carlos

Carlos

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Comentado em 05/11/2024 22:03 Aff, Júnior! Queria muito que tudo tivesse dado certo. O peso que ele levou nas costas foi brabo demais. Agora é torcer pra que isso sirva de exemplo pra gente cuidar mais da saúde mental dos jogadores. Vamos que vamos, Timão!
Fernando

Fernando

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Comentado em 05/11/2024 21:23 Pô, isso é muito triste, mano! O cara passou por tanta coisa e ainda arrumaram pra falar dele. Jogar no Corinthians é pressão, mas nunca é fácil. Se é loko como ele aguentou tudo isso? No fim, é isso, a gente só quer ver os mlk jogando bem e felizes.
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