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Patrick Cruz: Do Topo ao Abismo e a Ascensão Inesperada no Futebol Asiático

Por Redação FuTimão em 13/11/2024 10:18

A Ascensão e Queda de um Talento Promissor

Patrick Cruz, o nome que um dia ecoou nos campos de Cotia, hoje é sinônimo de superação e resiliência no futebol asiático. A história do atacante brasileiro, que chegou a ser comparado a craques como Casemiro e Lucas Moura, é um exemplo de como a vida pode dar voltas inesperadas. Do topo da base do São Paulo, onde dividia o gramado com futuras estrelas do futebol mundial, ele desceu ao fundo do poço, trabalhando em uma fábrica de sacolas plásticas em Uberaba, sua cidade natal.

A trajetória de Patrick é marcada por momentos de glória e por perdas que o levaram a questionar seus sonhos e a reavaliar seus valores. A fama e o dinheiro que chegaram cedo, ainda na adolescência, quase o levaram à ruína. "Eu tive tudo e perdi tudo. Inclusive fiquei devendo muito dinheiro para minha mãe, que foi a que mais me avisou. Eu não consegui guardar nada. Trocava de carro, sempre comprava roupa, vivia para lá, para cá, viajando, fazendo isso, fazendo aquilo", confessa o jogador.

Patrick admite que a badalação e a falta de controle financeiro o prejudicaram. "Isso realmente me atrapalhou muito, porque quando a gente é novo e tem muito dinheiro, você acha que ele vai acabar? Nunca. E aí uma hora que o contrato acabou, tudo acabou".

Do Abismo à Redenção: A Virada na Indonésia

Após um período conturbado no Corinthians, Patrick se viu sem clube, sem dinheiro e com um futuro incerto. A frustração e a dívida o levaram a abandonar o futebol por um tempo e a buscar uma vida mais simples na fábrica da família.

Mas o destino, como costuma fazer, tinha planos diferentes para Patrick. Um telefonema de um empresário, durante uma partida de futsal, o convidou para jogar na Indonésia, país com pouca tradição no esporte, mas que se tornou um divisor de águas em sua carreira.

A decisão de Patrick de se aventurar no outro lado do mundo, em busca de uma nova chance, foi marcada pela fé e pela esperança. "Cheguei em casa depois do futsal, minha mãe dormindo, meu pai dormindo, comecei a fazer minhas malas, uma barulheira. Minha mãe já abriu a porta, perguntou o que era aquilo e aí começou a chorar. Ela já entendeu tudo. Contei que recebi a proposta para ir para a Indonésia dois dias depois, com o salário já certo, por três meses. Falei que no pior dos casos, eu pelo menos consigo o dinheiro que é em dólar e pago tudo o que eu estou devendo. E aí eu consigo tocar a vida do zero. Jurei que era minha última tentativa. E eu fui", relembra o jogador.

O Sucesso Inesperado no Oriente

A Indonésia se tornou um palco de redenção para Patrick. Ele se tornou artilheiro da Copa Surdiman, competição em homenagem a um importante general da história do país, e levou o Mitra Kukar ao primeiro título da história do clube. "O time nunca tinha ganhado nada na história. A final foi em um estádio com mais de 65 mil pessoas e mais 30 mil pessoas fora, que não conseguiram entrar. Dois meses antes, eu estava trabalhando na fábrica, cortando alça, conversando com Deus. Dois meses depois eu estava jogando uma final em um lugar do tamanho do Maracanã. Eu não imaginava isso de jeito nenhum. Eu olhava, até me beliscava, me batia e falava: 'cara, o que está acontecendo na minha vida?'", descreve Patrick, ainda emocionado.

Após o sucesso na Indonésia, Patrick se mudou para a Malásia, e depois para o Vietnã, Rússia, Tailândia e Malta, acumulando experiências e vivências em diferentes culturas. Em 2023, ele retornou à Tailândia, onde protagonizou um momento memorável: um golaço de bicicleta que rodou o mundo. "Já estava com 71 ou 72 minutos do segundo tempo. Naquele estádio eu já havia jogado antes, quando chove o campo fica muito pesado. E o dia inteiro estava chovendo na cidade deles, um jogo fora de casa. Naquela hora já não tinha mais perna para nada. Quando eu olhei para frente, eu vi o goleiro muito distante da área. Falei, 'é agora ou nunca'. Eu tenho mais isso aqui só de força, eu vou usar tudo agora. E aí eu chutei e fui muito feliz, graças a Deus", conta Patrick.

Os Perrengues e Lições de Vida

A vida de Patrick no Oriente não foi apenas um mar de rosas. Ele enfrentou desafios culturais, como a comida picante, e até mesmo uma briga em uma festa na Malásia, que o levou a fugir nadando com o irmão. "Estava minha família inteira em uma ilha paradisíaca. Meu irmão quis ir para uma daquelas celebrações de fogos de artifício, que os malaios fazem muito. E aí eles confundiram eu e meu irmão com outras duas pessoas que eu não sei quem são. Juntaram mais ou menos umas 30, 40 pessoas contra nós dois. Foi paulada para cima e para baixo, bateram na gente, e nessa quase que a gente morreu mesmo, porque eu abri a cabeça, meu irmão quebrou os dois braços, e a gente teve que nadar quase 1 km para poder sobreviver. A gente começou a nadar por um ponto azul que estava piscando, que era um barco a quase 1 km de distância. Ali ainda era área de tubarão", relata Patrick, com a voz carregada de emoção.

A experiência, apesar de traumática, serviu como uma lição importante para Patrick. "Foi ali que eu realmente entendi que na vida, o importante não é só o dinheiro, o importante não é só os 90 minutos, a bola rolando dentro de campo, o importante é a nossa família. Eu tinha me desligado um pouco em relação a isso", reflete o jogador.

O Futuro e a Realização de Sonhos

Patrick Cruz, aos 31 anos, vive um momento de maturidade e realizações. Ele passou por momentos difíceis, mas aprendeu com os erros e encontrou o sucesso em um lugar inimaginável. "A única decisão que eu tive nas minhas mãos foi a do Parma, que ainda assim eu voltei pro São Paulo porque era um sonho de menino, então o resto foi tudo como Deus escreveu para mim. Eu conheci pessoas maravilhosas, conheci culturas maravilhosas. Tudo o que eu sou hoje em dia, tudo o que eu que eu tenho, que eu aprendi, às vezes eu não teria se eu tivesse ficado no Brasil. Às vezes eu teria jogado no Parma, por exemplo, me naturalizado italiano, vivido maravilhosamente bem. Já estaria milionário, mas não teria toda a vivência que eu tenho hoje em dia. Foram caminhos mais difíceis, com certeza. Mas se eu morrer hoje ou amanhã, a minha vida foi muito boa. Eu sou muito grato por tudo que eu que eu vi com esses olhos aqui. Eu não vivi alguns sonhos, mas realizei outros que eu nem sabia que eu sonhava".

Patrick, que já está noivo da médica Natália de Paula, pensa em seguir na Ásia por mais alguns anos, antes de retornar ao Brasil. "Sempre chega alguma proposta, sondagens. Querendo ou não, eu estou com 31 anos, não estou muito velho para o futebol, mas também não estou muito novo. Acaba que a gente sente aquela vontade de estar mais próximo dos nossos familiares, dos nossos amigos, da esposa e tudo da nossa terra natal. Eu não posso falar que não quero jogar no Brasil, porque é a vontade de todo o brasileiro. Só que pensando no calendário brasileiro, é muito complicado, porque eu tenho amigo no Brasil que joga sábado, aí quarta-feira tem jogo de novo, se não na terça, aí tem que preparar para jogar no outro sábado. Às vezes numa semana você tem três jogos. Aqui, a gente joga sábado ou domingo e tem às vezes dois dias de folga, então você pode conhecer um lugar diferente, pode passear um pouco, pode se distrair".

O jogador também considera a questão financeira, que o faz ter cautela em relação a um retorno ao Brasil. "Penso também pelo lado financeiro, porque eu sempre tenho propostas da Série B, jogar estadual, Série C. E o Brasil hoje em dia, financeiramente, está com um pouco de problema. Aqui pelo menos a gente tem essa segurança, os caras não atrasam, pagam certinho, então vontade de voltar, eu tenho, só que eu tenho que ser realista também. Tenho minhas contas para pagar, tenho minha família para poder estar dando suporte. Depois de uns dois, três anos, se eu conseguir juntar um bom pé-de-meia, talvez eu volte para algum clube perto da minha cidade, perto de onde meus pais moram, para poder jogar mais dois aninhos e aí encerrar a carreira. Mas por enquanto, eu tenho que ter os pés no chão".

A Montanha-Russa da Vida: Um Livro a Ser Escrito

A história de Patrick Cruz é, sem dúvida, uma montanha-russa de emoções, com altos e baixos que o moldaram como pessoa e como atleta. Ele, que quase desistiu do futebol, hoje celebra a vida, a família e a carreira que construiu em terras distantes. "A gente está vivendo tão bem ou tão mal hoje que a gente se esquece do amanhã. Então o nome do meu livro seria 'Não se esqueça do amanhã'. Porque, se hoje está mal, amanhã vai ficar bom. Se está bom, amanhã vai ficar mal. Então não se esqueça que o dia de hoje é hoje, mas que amanhã tem mais", conclui o jogador.

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Paulo

Paulo

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Comentado em 13/11/2024 12:52 Fala sério, a vida do Patrick é uma montanha-russa! De fábrica de sacolas a artilheiro na Indonésia? Kkkk, isso mostra que o sonho é pra quem busca! Ele é um exemplo, mano. E me lembrou que nossos moleques da base precisam se focar e não cair na balada fácil. O futuro é o que fazemos hoje, e o Timão tem que aproveitar a base! Avante Corinthians!
André

André

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Comentado em 13/11/2024 12:11 Moleque é brabo demais, né? Será que ele volta pro Brasil? Seria legal ver ele jogando na nossa Série B, tipo fazendo um gol no rival! E sobre a vida, ele aprendeu muito. O Timão sempre tem espaço pra quem quer ser alguém. Tô na expectativa do jogo contra o Cruzeiro! Vai Corinthians!!
José

José

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Comentado em 13/11/2024 11:33 Que baita história, pô! Patrick mostrou que nem sempre a fama traz felicidade. Eu sempre falei que o importante é não esquecer onde você veio. Ele com certeza provou que muito trabalho duro em campo vale a pena. Espero que a garotada aprenda com o que ele passou. Força, Timão!
Ana

Ana

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Comentado em 13/11/2024 10:53 Patrick Cruz tá virando lenda da bola véia kkk. Que trajetória, hein? Ele passou por cada perrengue e agora brilha na Ásia! Que sirva de inspiração pros mulekes da base do Timão. Estamos juntos, Patrick! Vai Corinthians!
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